Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Um dos maiores poetas de sempre, da língua portuguesa... Uma bela escolha. :)
ResponderExcluirRecomendo também Fernando Pessoa e Sophya de Mello Breyner Andresen (embora o meu preferido seja Bocage, o desbocado, com os seus magníficos poemas satíricos que deleitam qualquer um...) =)
Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga,
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha do meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!
Pois manda Amor que a ti somente os diga
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel que a delirar me obriga.
E vós, ó cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!
Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.
;)
Um beijo
Olá, Grave! :)
ResponderExcluirConcordo, mas o meu preferido é Fernando Pessoa e seus heterônimos. Eles são sempre bem-vindos aqui, assim como você. ^^
Agradeço o comentário e o poema maravilhoso!
Beijo,
Ane
Não é preciso agradecer. :)
ResponderExcluirCada vez é mais difícil encontrar bons blogs, e pessoas simpáticas por detrás deles... E aqui, ambos se conjugam de uma forma perfeita. ;)
Beijo