O Catador
Um homem catava pregos no chão.
Sempre os encontrava deitados de comprido,
ou de lado,
ou de joelhos no chão.
Nunca de ponta.
Assim eles não furam mais - o homem pensava.
Eles não exercem mais a função de pregar.
São patrimônios inúteis da humanidade.
Ganharam o privilégio do abandono.
O homem passava o dia inteiro nessa função de catar
pregos enferrujados.
Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.
Estado de pessoas que se enfeitam a trapos.
Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser.
Garante a soberania de Ser mais do que Ter.
Ilustração: Jinnie Anne Pak
manoel de barros e a sua poética do ser desnecessário. lindo post, ane!
ResponderExcluira imagem também.. harmonioso acordo com o poema.
beijinho!
Obrigada, Luluz!
ResponderExcluirQuanto à imagem, já encontrei o poema ilustrado! =P
Beeeeeeeeijo,
Ane
Manoel, de que espécie de barros fostes moldado?
ResponderExcluirBom demais!